Banco Central do Brasil seleciona 13 casos de uso para a segunda fase do piloto Drex

Banco Central avança na segunda fase do Drex com tokenização de ativos e pools de liquidez, envolvendo grandes instituições financeiras e tecnologia blockchain.

Alex Bit
Por Alex Bit 8 min de leitura
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O Banco Central anunciou recentemente a seleção de 13 casos de uso que serão testados na segunda fase do piloto do Drex, sua moeda digital baseada em tecnologia de blockchain.

Esta fase do projeto é crucial para testar a viabilidade e a integração de soluções inovadoras que visam transformar diversas áreas da economia brasileira, desde a tokenização de ativos até o financiamento de operações internacionais.

A escolha de 13 propostas entre as 42 apresentadas por 16 consórcios marca um passo importante no desenvolvimento da CBDC (Central Bank Digital Currency) brasileira.


Tokenização de ativos e automação de transações

Entre as propostas escolhidas para esta nova fase estão a tokenização de imóveis e automóveis, automação de transações comerciais e a criação de pools de liquidez para negociação de títulos públicos.

A tokenização de ativos envolve a transformação de propriedades físicas, como imóveis e veículos, em tokens digitais que podem ser negociados diretamente em uma blockchain.

Isso traz maior agilidade, segurança e transparência para os processos de compra e venda desses ativos, reduzindo intermediários e custos operacionais.

A B3 (Bolsa de Valores brasileira), o Banco BV e o Santander estão entre os responsáveis pela implementação de transações com automóveis, enquanto o Banco do Brasil e a Caixa lideram a tokenização de imóveis.

Essas iniciativas visam facilitar e otimizar processos complexos, como transferências de propriedade, financiamento e registro de veículos e imóveis, integrando-os de forma mais eficiente na economia digital.


Liquidez e crédito colateralizado

Outro destaque desta fase do piloto do Drex é a criação de “piscinas de liquidez” para a negociação de títulos públicos.

Esta funcionalidade permite que investidores bloqueiem seus ativos digitais em uma plataforma, fornecendo liquidez ao mercado e, ao mesmo tempo, gerando rendimento para os titulares desses ativos.

A participação do Mercado Bitcoin, única empresa “criptonativa” a liderar um consórcio no projeto, reforça o potencial de integração entre o mundo tradicional das finanças e o universo das criptomoedas e ativos digitais.

Além disso, há propostas de crédito colateralizado em Certificados de Depósito Bancário (CDB) e títulos públicos, que estão sendo lideradas por instituições como Bradesco, Itaú e Banco do Brasil.

Esse tipo de operação permite que clientes utilizem seus ativos tokenizados como garantia em operações de crédito, simplificando e acelerando a concessão de empréstimos.


Participação de grandes instituições financeiras

A segunda fase do piloto do Drex envolve grandes players do setor financeiro brasileiro, como Santander, Bradesco, Banco do Brasil, Itaú, Nubank, XP-Visa e Mercado Bitcoin.

Esses consórcios têm a missão de desenvolver e testar suas soluções dentro da blockchain permissionada escolhida pelo Banco Central, a Hyperledger Besu, que é compatível com a Ethereum.

A escolha dessa tecnologia é estratégica, pois permite testar funcionalidades que já existem em blockchains públicas, como contratos inteligentes e mecanismos de privacidade, ao mesmo tempo em que garante o controle necessário por parte das autoridades financeiras.

Rodrigo Mulinari, diretor de tecnologia do Banco do Brasil, destacou que a seleção de dois casos de uso propostos pela instituição é um reconhecimento da liderança do banco no desenvolvimento de soluções digitais inovadoras.

O Bradesco, por sua vez, anunciou que espera realizar sua primeira operação de empréstimo com CDB tokenizado na rede do Drex até o primeiro semestre de 2025, destacando o potencial de simplificação e agilidade que a tokenização traz para o mercado de crédito.


Lista de casos de uso do DREX selecionados pelo BC

Aqui está a lista dos casos de uso selecionados pelo Banco Central para a segunda fase do Drex:

  1. Cessão de recebíveis (Banco Inter e Banco ABC)
  2. Crédito colateralizado em CDB (Banco do Brasil, Bradesco e Itaú)
  3. Crédito colateralizado em títulos públicos (ABBC, Banco ABC e Mercado Bitcoin)
  4. Financiamento de operações de comércio internacional (Banco Inter)
  5. Otimização do mercado de câmbio (XP-Visa e Nubank)
  6. Piscinas de liquidez para negociação de títulos públicos (Banco Inter, Banco ABC e Mercado Bitcoin)
  7. Transação com CCBs (Cédula de Crédito Bancário) (ABBC)
  8. Transações com ativos do agronegócio (Tecban, Mercado Bitcoin e XP-Visa)
  9. Transações com ativos em redes públicas (Mercado Bitcoin)
  10. Transações com automóveis (B3, Banco BV e Santander)
  11. Transações com créditos e descarbonização (Santander)
  12. Transações com debêntures (B3, BTG e Santander)
  13. Transações com imóveis (Banco do Brasil, Caixa e SFCoop – consórcio de cooperativas)

Privacidade e conformidade com a legislação

Um dos principais desafios que o piloto do Drex enfrenta é garantir a privacidade dos dados e das transações dos usuários, em conformidade com a legislação brasileira de sigilo bancário.

Para isso, as soluções desenvolvidas precisam integrar mecanismos robustos de privacidade, garantindo que as transações ocorram de maneira segura e que as informações dos participantes sejam protegidas.

Bruno Grossi, gerente de tecnologias emergentes do Banco Inter, explicou que todos os casos de uso serão avaliados por todos os consórcios participantes, promovendo um ambiente colaborativo.

Ele destacou que a privacidade é uma das principais preocupações, e todas as soluções precisam ser compatíveis com os requisitos de sigilo bancário estabelecidos pelo Banco Central.


Próximos passos e novos consórcios

De acordo com o Banco Central, esta fase do piloto do Drex terá duração de 12 a 14 meses. Durante esse período, os participantes continuarão a testar as soluções de privacidade e a desenvolver os serviços propostos.

O objetivo é garantir que todas as operações financeiras realizadas na rede sejam seguras, transparentes e em conformidade com a legislação vigente.

No início de 2024, o Banco Central abrirá novas chamadas para a inclusão de outros consórcios no projeto, expandindo a rede de testes e integrando novas funcionalidades, como contratos inteligentes, até o final do primeiro semestre de 2025.

A expectativa é que essa fase experimental permita refinar ainda mais o Drex e preparar a moeda digital para uma eventual implementação em larga escala.


Conclusão

A segunda fase do piloto do Drex representa um avanço significativo para o Brasil na corrida pela implementação de uma moeda digital centralizada.

Com a participação de grandes instituições financeiras e empresas de tecnologia, o projeto busca não apenas modernizar o sistema financeiro do país, mas também abrir novas possibilidades de negócios e serviços baseados em blockchain.

A tokenização de ativos, pools de liquidez e automação de transações são apenas alguns exemplos do potencial transformador do Drex.

À medida que o projeto avança, será interessante observar como essas inovações serão integradas ao dia a dia dos brasileiros, trazendo maior eficiência e acessibilidade ao mercado financeiro.

Com as fases de testes ainda em andamento e novas oportunidades de participação em 2024, o Drex continua a evoluir, prometendo revolucionar a forma como transações financeiras são realizadas no Brasil.

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