Nucoin: o que acontece quando uma criptomoeda centralizada muda as regras do jogo

Alex Bit
Por Alex Bit
8 min de leitura

O Nubank anunciou essa semana uma mudança significativa no funcionamento da Nucoin, sua criptomoeda lançada em 2023.

O ativo digital, que inicialmente podia ser negociado livremente pelos usuários, agora terá seu uso restrito ao ecossistema de recompensas e benefícios do banco, levantando questões sobre o controle centralizado e a frustração de seus detentores.

Abaixo, explicamos o que aconteceu com a Nucoin, os impactos da decisão do Nubank, e como esse caso exemplifica os desafios das criptomoedas centralizadas.

O que é a Nucoin e como ela funcionava?

A Nucoin foi lançada pelo banco digital Nubank em março de 2023 como parte de um programa de recompensas para seus clientes.

Com uma estrutura que lembrava o funcionamento de criptomoedas tradicionais, a Nucoin permitia que os usuários acumulassem moedas ao realizarem compras com cartões de crédito ou débito do banco.

A criptomoeda tinha um sistema de níveis, em que os clientes recebiam diferentes quantidades de Nucoins de acordo com seu volume de compras.

Além disso, a Nucoin podia ser comprada e vendida dentro do app do Nubank, o que permitiu que alguns clientes vissem o ativo digital como uma oportunidade de investimento.

No entanto, em setembro de 2024, o Nubank anunciou o fim da compra e venda da Nucoin, transformando-a exclusivamente em um token de troca para benefícios no seu ecossistema de produtos e serviços.

Essa mudança marcou uma virada completa no propósito da moeda e gerou uma onda de insatisfação entre seus usuários.

A mudança: fim da negociação e foco em recompensas

Com a reformulação anunciada, a Nucoin agora servirá exclusivamente como uma moeda interna de troca para produtos e experiências do Nubank.

Isso inclui descontos no Shopping do Nu, vantagens para acessar eventos da marca e outros produtos e serviços dentro do app do banco.

A negociação da Nucoin no mercado foi imediatamente suspensa, com a justificativa de evitar oscilações de valor que poderiam prejudicar os usuários durante a transição.

Até o final de 2024, os clientes que ainda possuem Nucoins terão a opção de trocá-las por Bitcoin ou USDC, desde que o saldo seja equivalente a pelo menos R$ 100.

Após essa data, as Nucoins continuarão a ser usadas no programa de benefícios, sem possibilidade de conversão para outras criptomoedas ou dinheiro, o que limita consideravelmente as opções dos detentores.

Além disso, o Nubank lançou uma campanha de sorteios, em que os usuários que acumulam mais Nucoins podem concorrer a prêmios de até R$ 1 milhão.

Centralização e controle: o risco de uma moeda controlada por uma única entidade

O caso da Nucoin revela um dos principais riscos associados a criptomoedas centralizadas: a dependência de uma única entidade para definir o futuro do ativo.

Ao contrário de criptomoedas descentralizadas, como Bitcoin e Ethereum, em que o controle é distribuído entre a comunidade e a rede de participantes, a Nucoin era totalmente gerida pelo Nubank.

Essa centralização permitiu ao banco fazer mudanças repentinas nas regras do jogo, como a suspensão da negociação da moeda, que pegou muitos usuários de surpresa.

Isso é particularmente problemático para os clientes que investiram na criptomoeda esperando um retorno financeiro, já que o valor da Nucoin no mercado não é mais relevante.

Além disso, a centralização impede que os usuários tenham controle real sobre o futuro de suas posses.

Com a mudança, o que antes era um ativo digital com potencial de valorização no mercado se tornou um simples token de recompensas, o que frustrou muitos clientes.

Em plataformas como o Reclame Aqui, surgiram várias queixas de usuários reclamando da falta de comunicação e da perda de oportunidade de negociação.

Reações e insatisfação dos clientes

A mudança causou uma reação negativa imediata entre os usuários da Nucoin, especialmente aqueles que esperavam continuar negociando o ativo.

Muitos usuários que acumulavam Nucoins viram suas expectativas de valorização no mercado serem interrompidas, sem possibilidade de venda para aproveitar o momento.

Agora, a única opção é trocar as moedas por benefícios ou realizar o resgate em Bitcoin ou USDC, mas apenas até dezembro de 2024.

O Nubank, por sua vez, justificou a decisão com base no feedback dos próprios clientes, afirmando que a maioria valoriza mais os benefícios oferecidos dentro do ecossistema do banco do que a possibilidade de negociação da criptomoeda.

A empresa ainda prometeu novas formas de usar as Nucoins, com mais vantagens a serem anunciadas até o final do ano.

A Nucoin pode ser considerada um golpe?

Não, as mudanças no programa da Nucoin não podem ser consideradas um golpe, e a seguir você vai entender por que.

A suspensão da compra e venda da Nucoin foi anunciada pelo Nubank como parte de uma reformulação do programa de recompensas, com o objetivo de focar o uso da criptomoeda exclusivamente para troca de benefícios no ecossistema do banco.

O Nubank também ofereceu opções de resgate, permitindo que os clientes troquem suas Nucoins por Bitcoin ou USDC até o final de 2024.

Embora muitos clientes tenham ficado frustrados com a perda de oportunidades de venda, o Nubank informou as mudanças com antecedência e forneceu alternativas para o uso das Nucoins, o que caracteriza uma decisão de negócios e não uma fraude ou golpe.

Em casos de insatisfação, é importante que os usuários busquem orientação legal ou entrem em contato com o banco para esclarecer suas dúvidas e resolver possíveis problemas.

Conclusões: o caso Nucoin e o futuro das criptomoedas centralizadas

A história da Nucoin oferece lições valiosas sobre os riscos de criptomoedas centralizadas.

Embora a promessa inicial fosse de um ativo digital negociável, o controle total do Nubank permitiu que as regras mudassem drasticamente, limitando as opções dos detentores e transformando a Nucoin em um simples token de fidelidade.

Essa centralização contrasta fortemente com o espírito das criptomoedas descentralizadas, que oferecem mais autonomia e controle para seus usuários.

No caso da Nucoin, a decisão final ficou nas mãos do Nubank, deixando os clientes sem muitas alternativas além de aceitar as novas regras.

Apesar das insatisfações, o Nubank continua a apostar no sucesso da Nucoin como parte de seu ecossistema de benefícios, e o tempo dirá se os usuários irão se adaptar às mudanças ou continuarão a sentir que perderam uma oportunidade.

O que você acha dessas mudanças no programa da Nucoin? Você acredita que criptomoedas centralizadas podem ser confiáveis? Compartilhe sua opinião nos comentários!

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