O uso de criptomoedas tem crescido exponencialmente nos últimos anos, especialmente com a popularização dos caixas eletrônicos de Bitcoin (BTMs).
Esses terminais, que permitem a compra e o envio de criptomoedas de maneira rápida e conveniente, estão se tornando cada vez mais acessíveis, presentes em postos de gasolina, lojas de conveniência e outros locais de grande circulação.
No entanto, junto com essa expansão, surgiram também novos riscos. Os BTMs estão se tornando uma ferramenta poderosa para golpistas, resultando em prejuízos que já ultrapassam US$ 10 milhões por mês nos Estados Unidos em 2024.
O que são BTMs e como funcionam?
Os caixas eletrônicos de Bitcoin (BTMs) funcionam de forma semelhante aos terminais bancários tradicionais, mas, em vez de sacar ou depositar dinheiro em contas bancárias, os usuários podem comprar ou vender criptomoedas, como o Bitcoin.
O processo é relativamente simples: a pessoa insere dinheiro no terminal, escaneia um código QR que corresponde à sua carteira digital e, em poucos minutos, a criptomoeda é transferida.
Essa facilidade de uso é uma das razões pelas quais os BTMs ganharam tanta popularidade.
Estima-se que o número de BTMs nos EUA tenha crescido de aproximadamente 4.250 em janeiro de 2020 para cerca de 32.000 em junho de 2024.
No entanto, essa acessibilidade também atraiu a atenção de criminosos que encontraram uma maneira eficaz de explorar esses terminais para fraudes.
Como os golpes com BTMs acontecem?
Os golpes envolvendo BTMs geralmente seguem um padrão semelhante.
Tudo começa com uma chamada telefônica, mensagem de texto ou até um alerta falso em um computador.
O golpista finge ser de uma instituição legítima, como uma agência governamental ou uma grande empresa, e afirma que há um problema urgente que precisa ser resolvido imediatamente.
Ele pode alegar que o dinheiro da vítima está em risco devido a atividades fraudulentas ou que há uma dívida pendente que precisa ser paga.
Para “resolver” o problema, o golpista instrui a vítima a sacar uma grande quantia em dinheiro de sua conta bancária e se dirigir a um caixa eletrônico de Bitcoin específico.
Lá, a pessoa deve depositar o dinheiro no BTM, escaneando um código QR que, supostamente, protegerá seus fundos ou resolverá a questão apresentada.
Na realidade, o dinheiro vai diretamente para a carteira digital do golpista, e a vítima não tem como recuperar o valor.
Esse tipo de golpe tem sido amplamente utilizado em fraudes de suporte técnico, onde os criminosos fingem ser representantes de empresas de tecnologia como Microsoft ou Apple, além de fraudes envolvendo falsos agentes do governo.
Em muitos casos, os golpistas criam um senso de urgência tão grande que a vítima não tem tempo de pensar ou verificar a autenticidade da solicitação.
Os caixas eletrônicos de Bitcoin não são seguros?
Calma, não é disso que se trata.
O golpe em questão não se diferencia muito dos que acontecem hoje em dia no Brasil, através de telefonemas ou SMS enganosos. A diferença que no Brasil os criminosos costumam usar o Pix para receber o dinheiro, enquanto nos EUA eles usam o Bitcoin para aplicar os mesmos tipos de golpe.
O que muda? Bem, com o Pix existem mecanismos no Brasil para bloquear ou reverter transações se a fraude for detectada rapidamente. Já com o Bitcoin não há como, pois uma vez o dinheiro enviado para uma carteira criptográfica, somente o possuidor das chaves privadas é quem pode recuperá-lo.
Quem são as principais vítimas?
De acordo com dados da Federal Trade Commission (FTC), as principais vítimas desses golpes são pessoas idosas.
Indivíduos com 60 anos ou mais são três vezes mais propensos a relatar perdas financeiras decorrentes de fraudes com BTMs em comparação com adultos mais jovens.
No primeiro semestre de 2024, mais de dois terços dos prejuízos financeiros reportados nesse tipo de fraude vieram de idosos, que perderam, em média, US$ 10.000 cada.
O que torna esses golpes ainda mais devastadores é o fato de que os idosos geralmente têm menos familiaridade com criptomoedas e são mais suscetíveis à pressão de falsos representantes de autoridades ou empresas respeitáveis.
Muitas vezes, eles não têm conhecimento suficiente sobre como funcionam os caixas eletrônicos, o que facilita a ação dos golpistas.
A escalada dos prejuízos
Os números impressionantes mostram a gravidade da situação.
Nos primeiros seis meses de 2024, os prejuízos relatados por fraudes envolvendo caixas eletrônicos de Bitcoin ultrapassaram os US$ 65 milhões, com uma média de mais de US$ 10 milhões em perdas por mês.
Isso representa um aumento significativo em relação aos anos anteriores, e especialistas acreditam que o verdadeiro impacto pode ser ainda maior, já que muitas vítimas não reportam os golpes por vergonha ou por não saberem onde buscar ajuda.
Além disso, as fraudes com BTMs estão cada vez mais sofisticadas.
Os criminosos estão utilizando táticas mais elaboradas para enganar as vítimas, desde a falsificação de documentos e sites até a utilização de tecnologia avançada para simular chamadas de empresas legítimas.
Essa evolução torna ainda mais difícil para as pessoas comuns identificarem um golpe antes de cair nele.
Como se proteger de fraudes com BTMs
Embora os golpistas estejam ficando mais sofisticados, existem algumas medidas simples que podem ajudar a evitar se tornar uma vítima desse tipo de fraude.
Confira algumas dicas essenciais, que servem também para outros tipos de golpes:
- Nunca retire dinheiro em resposta a uma chamada ou mensagem inesperada. Instituições legítimas, como bancos e agências governamentais, nunca pedirão que você retire dinheiro e o deposite em um caixa eletrônico de Bitcoin. Se alguém fizer esse pedido, é quase certo que seja um golpe.
- Verifique a autenticidade da mensagem. Se você receber uma ligação, mensagem ou e-mail alegando ser de uma empresa ou agência governamental, não forneça informações pessoais ou financeiras imediatamente. Em vez disso, procure o número de telefone ou o site oficial por conta própria e entre em contato diretamente com a organização para verificar a autenticidade da solicitação.
- Desconfie de pedidos urgentes. Os golpistas costumam criar um senso de urgência para impedir que você tenha tempo de pensar ou verificar a situação. Se alguém estiver pressionando você a agir rapidamente, faça uma pausa e consulte um amigo, familiar ou especialista em finanças.
- Nunca confie em alertas de segurança de pop-ups. Muitos golpistas usam pop-ups falsos em seu computador alegando que há um problema de segurança e fornecendo um número de telefone para suporte técnico. Não ligue para esses números. Em vez disso, feche o pop-up e busque suporte diretamente no site oficial da empresa.
- Eduque-se sobre o uso de criptomoedas e BTMs. Quanto mais você souber sobre como funcionam os caixas eletrônicos de Bitcoin e as criptomoedas, mais difícil será para os golpistas explorarem a sua falta de conhecimento. Existem muitos recursos online que podem ajudar a entender melhor essas tecnologias.
Conclusão
O crescimento exponencial do uso de caixas eletrônicos de Bitcoin no mundo trouxe consigo uma nova onda de fraudes que está custando milhões de dólares aos americanos todos os meses.
A combinação da facilidade de uso desses terminais com a complexidade das criptomoedas cria um terreno fértil para os golpistas, que estão explorando as lacunas de conhecimento de muitas pessoas, especialmente idosos.
No Brasil ainda não é tão popular este tipo de caixa eletrônico, mas a tendência é se tornar cada vez mais comum, principalmente em tempos de alta de ciclo.
A prevenção é a melhor maneira de se proteger contra esses golpes. Estar ciente das táticas usadas pelos criminosos e seguir as boas práticas de segurança financeira pode evitar que você se torne a próxima vítima.
A informação continua sendo a sua maior aliada.
O que você acha dessa crescente onda de fraudes com BTMs? Já ouviu falar ou teve alguma experiência com golpes semelhantes? Deixe seu comentário abaixo!